✨ Introdução
Quando um erro fatal acontece em um hospital, a primeira reação costuma ser buscar culpados imediatos: o técnico de enfermagem, o médico, a equipe da ponta.
Mas e se olharmos um pouco acima, para quem deveria garantir que o sistema funcione? O maior problema da saúde pública brasileira não está apenas na assistência, mas sim na ausência de gestão profissional e permanente.
🔢 Professor precisa de formação. E gestor?
Para dar aula no ensino médio, é preciso diploma. Para ser professor universitário, exige-se pelo menos mestrado ou doutorado. Mas, para ocupar cargos de gestão em saúde, o que é exigido hoje?
Muitas vezes, absolutamente nada.
Cargos estratégicos de gestão hospitalar, secretarias municipais e estaduais de saúde e até coordenações técnicas podem ser ocupados por indicação política, sem qualquer critério técnico.
Resultado? Gestão vira “gestações”: ciclos curtos, sem continuidade, moldados por calendários eleitorais e interesses de curto prazo.
📊 Quando a falta de gestão gera tragédias…
- Bebê que morre após receber leite na veia em Salvador.
- Paciente operado no membro errado nos EUA.
- Filas intermináveis e agressões a profissionais em UPAs no Brasil.
Todos esses exemplos têm algo em comum: falhas de processo, falta de protocolo, ausência de barreiras. Isso só acontece em serviços onde não há uma cultura de gestão profissional.
🔢 A violência contra profissionais como sintoma da falta de gestão.
Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) apontam que o Brasil registrou 4.562 ocorrências de violência contra médicos em 2024, equivalente a 12 casos diários.
Levantamento similar feito pelo Cofen revelou que 80% dos profissionais de enfermagem já sofreram algum tipo de agressão no trabalho. E não se trata apenas de violência física: insultos, ameaças e assédio também entram nessa conta.
Grande parte desses episódios está ligada à precariedade da estrutura de atendimento, falta de leitos, medicamentos e sobrecarga de profissionais. Quando a população encontra portas fechadas, filas ou demora, acaba canalizando a frustração contra quem está na linha de frente.
🔢 Primeira vítima: o paciente. Segunda vítima: o profissional.
No projeto Guardião do Paciente, reforçamos sempre que, por trás de cada evento adverso, há duas vítimas. A primeira, indiscutivelmente, é o paciente que sofre o dano direto.
A segunda é o profissional de saúde, que muitas vezes carrega o peso de um erro sistêmico, mesmo não sendo o único responsável.
E o sistema? A estrutura que deveria garantir processos, protocolos, treinamento, equipamentos, gestão de pessoas e indicadores? Essa terceira camada raramente aparece. O verdadeiro responsável, o sistema mal gerido, muitas vezes é invisível.
📄 O que é uma gestão profissional?
- Exige formação técnica, especialização em gestão pública, MBA ou similares.
- É sustentada por métricas, indicadores e evidências.
- Trabalha com planejamento de longo prazo, não apenas emergências.
- Garante continuidade, independentemente de trocas políticas.
- Prioriza o bem-estar das equipes, prevenindo o adoecimento profissional.
🤟 Exemplo positivo: aviação e saúde
Na aviação, ninguém troca o gerente de segurança de voo a cada dois anos. Por quê? Porque a segurança depende de conhecimento acumulado e melhoria contínua. A saúde deveria seguir o mesmo modelo.
🌟 Conclusão
Enquanto cargos de gestão na saúde forem tratados como moeda política, tragédias continuarão acontecendo. É preciso estabelecer critérios claros: para ser gestor de saúde, é preciso ser gestor de verdade. E isso exige formação, experiência e compromisso com a vida.
Na prática, a grande reflexão é: se para educar é exigido diploma, para salvar vidas deveria ser exigido muito mais.
Exijamos gestores capazes, formados, preparados, e não apenas mais uma “gestação” de interesses. A saúde do país merece gestão, não improviso.





